29.5.12

CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA ELEITORAL - RIO

Espero que exponham gravuras!


FUTURA SEDE CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
rua 1º de Março - Centro - Rio de Janeiro - RJ

Projetada em 1892, nos moldes do Vereinsbank (Banco da União), localizado na cidade alemã de Munique, a futura agência central do Banco do Brasil ficou pronta em 1896. Não chegou, entretanto, a ser ocupada pela instituição, que passava por séria crise de liquidez. Em troca da ajuda econômica do governo federal, o banco entregou a nova sede à União. Esta, por sua vez, ofereceu o prédio ao STF, que se mudou da Rua do Lavradio e lá permaneceu até 1909, quando se transferiu para a Avenida Central.

Em seguida, o edifício abrigou a Caixa de Conversão e Amortização e, em 1946, tornou-se a sede do TSE. Na década de 1960, com a mudança do TSE para a nova capital federal, Brasília, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) ocupou o imóvel até 1996, ano em que se instalou na Avenida Presidente Wilson. A partir de 1999, o prédio seria destinado ao uso público, com a criação do Palácio Judiciário da Cidadania.

A imponente construção na esquina da Primeiro de Março com a Rua do Rosário destaca-se pela beleza arquitetônica, pelo requinte artístico e pelo emprego das mais avançadas técnicas de engenharia. No Brasil, é uma das precursoras do estilo eclético, combinando elementos do neoclássico e do barroco com toques do art nouveau. Tal estilo torna-se nítido, no Rio de Janeiro, a partir do início do século XX e é observado nas demais grandes obras da República Velha, a exemplo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909.

Originalmente, o exterior do edifício marcava-se pelo contraste cromático entre o branco do mármore de Carrara, dos elementos artísticos e da rotunda e o tom róseo da fachada do segundo pavimento. Destacavam-se, ainda, a base de granito e os gradis e esquadrias de ferro fundido pintados a óleo. A variedade de cores, no entanto, foi apagada pelo acúmulo de sujeira e de resíduos provenientes da poluição.

Dividido em dois pavimentos e um subsolo (denominado semi-enterrado por ter abertura para a rua), o prédio tem aproximadamente quatro mil metros quadrados. A entrada é pela esquina, através de majestoso portão de bronze fabricado em Portugal. Uma escadaria de mármore conduz o visitante ao saguão que precede o salão central, onde estão os caixas do banco.

O salão pode ser comparado a uma catedral. Tem pé-direito duplo, de 14 metros de altura, iluminação natural, por meio de grande clarabóia, e, de ambos os lados, colunata intercalada por quatro guichês de ferro fundido. O piso é de ladrilho hidráulico, cuja complexidade dos desenhos e a precisão das cores comprovam-lhe a qualidade superior.

A grande área termina no que seria o altar do banco: o cofre-forte. No interior do cofre, dispõem-se armários em ferro fundido, com trabalho em rendilhado nas portas, e escada helicoidal para acesso ao subsolo.

Sobre o salão central, erguem-se duas alas laterais, construídas no segundo pavimento, onde ficaria a administração do banco. O antigo plenário do Tribunal situa-se na ala esquerda, em sala ricamente ornamentada. Na parede de fundo, sobressai o grande painel pintado por Antônio Parreiras, em 1901, denominado “Inconfidência”. O artista assina dois outros trabalhos da mesma série – “A Partida” e “A Chegada” – localizados nos demais ambientes do segundo pavimento.

O piso do plenário é de tábua corrida com moldura em motivos geométricos, em tom mais escuro. As paredes revestem-se de lambris de madeira, e o teto, decorado, é precedido por pintura de cartelas com figuras eminentes da história nacional. Duas grandes janelas e três lustres de bronze garantem a luminosidade do auditório, que também se beneficia da imensa clarabóia central.

Além dos painéis de Parreiras, o imóvel abriga pinturas de dois outros grandes artistas da época, Rodolfo Bernardelli e A. Silva. Na fachada do segundo pavimento, nichos acomodam quatro estátuas em ferro representando figuras mitológicas, trabalhadas na Fundição Val d’Osne, na França, pelo escultor parisiense Marthurin Moreau.

Ao esmero das obras de arte e do acabamento soma-se a moderna técnica construtiva aplicada ao prédio. Planejado apenas três anos depois da inauguração da Torre Eiffel, em que se consagrou o uso do aço na construção civil, o edifício apresenta arrojada estrutura metálica na cobertura. Tal estrutura é apontada como uma das razões da integridade da obra ao longo de mais de um século, apesar de que, com a corrosão dos metais, hoje se percebem infiltrações.

Impressionam, ainda, as soluções tecnológicas encontradas para assegurar temperatura amena no interior do prédio. A ventilação natural é proporcionada pelas clarabóias vazadas e pelas chaminés acopladas aos lustres principais, transformados em caminhos de fuga para o ar quente. O ar dirige-se para a caixa do telhado, que o libera através de telhas cerâmicas com aberturas. As grandes janelas, por sua vez, permitem a entrada de ar fresco.

detalhes do prédio




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